Meu filho não dorme – possíveis causas
A dificuldade em iniciar e/ou manter o sono é a principal queixa tanto em crianças como adolescentes.
Em crianças até os três anos de idade as causas mais frequentes são: crianças que fazem associações inadequadas ao sono, como por exemplo, que dormem só quando são ninadas, ou se usam chupeta, ou se são balançadas no carrinho etc. Aleitamento materno, cólicas, ansiedade dos pais, depressão materna e eventos que podem interferir nos mecanismos do sono, como o refluxo gastroesofágico, erupção dentária, alergias alimentares, doenças comuns da infância e doenças neurológicas ou psiquiátricas podem ser fatores de risco para o problema. Outra causa é a dificuldade para estabelecer limites e a resistência para dormir, que podem estar associados a pais pouco disciplinados e permissivos, conflitos em relação à educação da criança, expectativas incorretas quanto ao aprendizado de dormir, comportamento opositor da criança e ambiente doméstico conturbado.
Em crianças maiores e adolescentes pode ocorrer a insônia crônica, quando a dificuldade com o sono persiste por mais de três meses e ocorre pelo menos três vezes por semana. Rotinas de sono inadequadas, doenças médicas, problemas psiquiátricos, como depressão, uso de tabaco, álcool ou substâncias ilícitas, pouca interação com os pais e uso de equipamentos com conexão de internet favorecem o problema.
Meu filho não dorme – recomendações
Uma boa higiene do sono – com uma rotina de horários e rituais bem estabelecidos – é importante para se prevenir e cuidar dos distúrbios do sono. No entanto, existem algumas diferenças nas recomendações para crianças e adolescentes. Veja algumas dicas:
Recomendações para crianças
• Amamentar ou oferecer a mamadeira habitual na sala, em seguida fazer a higiene da noite e se preparar para dormir. Alerta: o banho antes de dormir pode estimular crianças maiores.
• Estabelecer horários regulares para deitar e levantar, evitando ultrapassar 1 hora de diferença entre os dias com e sem aulas.
• Compor um ritual de dormir de 20-30 minutos, no quarto, com atividades calmas como leitura, contar histórias, falar sobre as atividades do dia, fazer um carinho e terminar com um beijo de boa noite.
• Não utilizar qualquer tipo de tecnologia com monitor para favorecer o sono.
• Sonecas diurnas devem ser feitas logo após o horário do almoço.
• Estimular passeios ao ar livre para receber sol, pois isso favorece um ritmo adequado de sono.
Recomendações para adolescentes
• Evitar comidas pesadas e bebidas com cafeína próximo ao horário de dormir.
• Ter horários regulares para deitar e levantar, evitando ultrapassar 1 hora de diferença entre os dias com e sem aulas.
• Compor um ritual de dormir de 30-60 minutos, no quarto, com atividades calmas como leitura ou ouvir música suave.
• Não usar qualquer tipo de equipamento com monitor para favorecer o sono.
• Sonecas diurnas de 30-45 minutos podem ser feitas logo após o horário do almoço.
• Tomar sol pela manhã e fazer exercícios físicos para regular o relógio biológico e favorecer o ritmo do sono.
Meu filho não dorme – quando procurar um especialista
O pediatra da criança/adolescente deve ser sempre consultado quando existirem dúvidas relativas ao sono. Em alguns casos será necessária consulta com especialista.
Quando existe a queixa, em crianças no primeiro ano de vida, que são muito agitadas e difíceis de consolar ou que apresentam alguma dificuldade respiratória, é recomendável que ela seja avaliada para refluxo gastroesofágico, cólicas e doenças respiratórias.
Crianças e adolescentes entre um e 12 anos que apresentam ronco frequente, respiração ruidosa ou apneia (interrupção da respiração durante o sono), dificuldade para iniciar o sono, despertares frequentes, movimentos estranhos e repetitivos, que se referem a medos, que são difíceis de acalmar, que após uma noite ruim os pais notem alteração de humor, de comportamento ou dificuldades escolares também necessitam avaliação.
Adolescentes entre 13 e 18 anos podem ter as mesmas queixas das crianças menores e ainda apresentarem sonolência diurna ou dificuldade em frequentar as aulas, principalmente no período da manhã. Nessa faixa etária, devem ser avaliados e orientados com relação ao evento, que ocorre frequentemente, de alteração do relógio biológico, chamado de atraso fisiológico do ritmo de sono e vigília.
Como ajudar meu filho a dormir – hábitos saudáveis
Nos primeiros meses de vida, o bebê deve dormir sempre de barriguinha para cima e ao lado da cama da mãe, pois ela poderá atendê-lo com mais facilidade. Até próximo do 3º mês de vida, o sono ocorre de forma cíclica, quase sempre associado à alimentação e isso de forma quase contínua nas 24 horas do dia. Entretanto, o ideal é iniciar pequenas rotinas, como quebrar a luz do quarto durante o dia e diminuir a luz e o barulho da casa à noite.
Entre três e cinco meses, iniciar uma rotina com horários para se alimentar e dormir durante o dia, estabelecer um horário para o sono da noite e criar um ritual de dormir, por exemplo: banho morno, alimentação, cantiga, carinho e deixar que o bebê adormeça no próprio berço. Isso faz com que ele aprenda a voltar a dormir sozinho quando acordar no meio da noite. Assim que o bebê começar a segurar objetos nas mãozinhas, escolher um “amiguinho de dormir”, que tenha um atrativo tátil, como diferentes texturas ou enchimento rugoso para que se distraia enquanto manipula o mesmo e adormece.
Conforme o bebê vai crescendo o ritual deve ser modificado, com livros de figuras, contar histórias, massagear (se ele gostar), ou orar. Utilizar uma lâmpada fraca e indireta que ilumine apenas o suficiente para a atividade escolhida. Todo o ritual deve durar entre 20 e 30 minutos e sempre terminar com o beijo de boa noite. Caso necessite atender a criança, tente ser breve, fale baixo e use frases positivas e que remetam à manhã seguinte, como: “daqui a pouco vamos acordar para brincar!”
Para crianças maiores e adolescentes, deve-se incentivar a manutenção de um ritual de dormir, como a leitura, evitar o uso de TV, outro equipamento ou tecnologia nos 30 minutos que precedem o horário de dormir. O sono deve ser estimulado, pois o crescimento e desenvolvimento físico, cognitivo e comportamental são dependentes da qualidade e quantidade de sono.
Fonte: Departamento Científico de Medicina do Sono da SPSP.