O desenvolvimento é um processo que nos acompanha em toda a nossa existência e resulta da interface entre fatores genéticos e experiências vividas.
Quando nasce, a criança ainda enxerga muito pouco e de maneira muito borrada. Por volta de um mês, começa a fixar o olhar em pessoas próximas (como a mãe, no momento da mamada), porém o movimento dos dois olhos ainda é independente e, com cerca de seis meses, esses movimentos passam a ser coordenados. Se isso não acontecer, a possibilidade de estrabismo deverá ser investigada. A visão do bebê vai se aprimorando no decorrer dos meses e atinge a visão do adulto por volta dos dois anos.
Outros sentidos, como audição e tato, já estão mais desenvolvidos no nascimento. Olfato e paladar começam a se desenvolver no 2° trimestre da gestação e vão continuar amadurecendo até o final da primeira infância.
O desenvolvimento neuropsicomotor é contínuo e previsível. Ele ocorre desde os primeiros dias de vida, numa sucessão coordenada de aquisições. Estímulos e ambiente adequados e sem riscos são fundamentais para que elas surjam em toda sua potencialidade. Existem algumas idades que consideramos como “esperadas” para que a criança comece a apresentar determinadas habilidades. São os chamados “marcos do desenvolvimento” como, por exemplo, sentar por volta dos seis meses e falar as primeiras palavras com cerca de um ano. Entretanto, algumas crianças podem demorar um pouco mais para desenvolver certas capacidades e essas variações são absolutamente normais.
Marcos do desenvolvimento
Costumamos separar o processo do desenvolvimento da criança por faixas etárias e por áreas, visando facilitar seu entendimento e a atenção nos marcos que caracterizam cada fase.
De forma simplificada, estas áreas caracterizam-se em:
• Motora Grossa: começando pelo sustento da cabeça ao redor dos 2-3 meses; sentar sem apoio ao redor dos 6-7 meses; ficar de pé ao redor dos 10 meses e começar a andar sozinho ao redor de um ano de vida.
• Motora Fina: colocar as mãos na boca com dois a três meses; agarrar um objeto com quatro meses; alcançar e segurar um objeto com seis meses; transferi-lo de uma mão a outra com nove meses e realizar movimento de pinça com 10 meses.
• Linguagem: desde o nascimento, o bebê reage aos sons (se assusta); vira a cabeça na direção do som por volta de dois meses; entre dois e três meses começa a emitir sons de vogais; por volta de cinco e seis meses já interage aos estímulos emitindo sons; entre sete e oito meses reconhece o “não” e o seu próprio nome e, por volta de um ano, começa a utilizar as primeiras palavras.
• Interação Social: por volta de dois meses o bebê inicia o chamado “sorriso social” em resposta a um estímulo (como uma brincadeira feita pelos cuidadores). Com quatro meses já começa a gargalhar e convocar os pais para uma brincadeira; ao redor dos seis meses começa a responder pelo nome; aos nove meses começa a demonstrar medo de estranhos e ter noção da ausência ou presença, na chamada “ansiedade da separação”. Com 12 meses o bebê já aponta e entrega brinquedos nas mãos dos pais para compartilhar seus interesses.
Os sinais de alerta
É normal haver variações na aquisição desses marcos do desenvolvimento, como citamos antes. Entretanto, é fundamental que os pais estejam preparados para detectar atrasos significativos, os chamados “sinais de alerta ou “red flags”. São eles:
2 meses:
• Não reage a vozes ou sons
• Não segue com o olhar objetos em movimento
• Não levanta a cabeça quando deitado de bruços
• Não mostra interesse em observar a face das pessoas
4 meses:
• Não sorri em resposta a estímulos
• Não faz vocalizações
• Não sustenta a cabeça
• Não consegue trazer as mãos para perto da boca
6 meses:
• Não tenta segurar objetos com as mãos
• Não olha em direção a vozes
• Não sorri com frequência quando brinca com você
9 meses:
• Não balbucia sílabas
• Não fica sentado sem apoio
• Não rola
• Não interage, não chama a atenção por meio de sons ou jogando objetos no chão
• Não demonstra medo de separação dos pais/cuidadores
12 meses:
• Não responde quando chamado pelo nome
• Não fica de pé com apoio
• Não olha para onde os cuidadores apontam
• Não responde a brincadeiras de esconder
15 meses:
• Não emite palavras simples como “mamãe” e “papai”
• Não faz movimento de pinça
• Não aponta para objetos que deseja
18 meses:
• Não usa pelo menos seis palavras
• Não entende ordens simples
• Não anda com independência
• Não aponta para demonstrar interesse
Dois anos:
• Não utiliza duas palavras combinadas
• Não segue comandos
• Não imita ações ou palavras
• Faz pouco contato visual
• Não anda com autonomia
Caso seja observado um sinal de alerta, esse deve ser levado prontamente ao conhecimento do pediatra que acompanha a criança e este poderá julgar a necessidade de uma avaliação de profissional que atua na área de desenvolvimento infantil.
Regressões do desenvolvimento também são sempre preocupantes. Se a criança deixa de apresentar uma habilidade que já tinha desenvolvido (como balbuciar, falar ou andar), isso deve ser imediatamente investigado.
Fonte: Grupo de Desenvolvimento e Aprendizagem da SPSP